sexta-feira, 23 de junho de 2023

A megalomania humana vai do Titanic a Marte

A megalomania humana vai do Titanic a Marte



Luiz Andrada

22 jun. 2023

luizandradabh@gmail.com





A ganância mórbida pela tragédia do Titanic implodiu cinco homens nas mesmas águas que já ceifaram milhares de vidas.


Desde quando o cadáver do Titanic foi encontrado inerte no fundo do oceano diversas empreitadas mercenárias mergulharam atrás de notoriedade e dinheiro. Os artefatos recolhidos da sepultura do Titanic foram vendidos e leiloados, e renderam milhões de dólares. Um negócio lucrativo.


Agraciado pelo dom da imbecilidade um homem teve a ideia genial de levar seres humanos a um ambiente selvagem no qual pouca vida existe, a quatro mil metros de profundidade. Uma viagem que custa cerca de um milhão de reais. Para quê? Para ver uma sepultura enferrujada, e para enriquecer a empresa do homem genial, que em breve prosseguirá com suas viagens suicidas. Aliás, o homem genial, proprietário da empresa, faleceu com as outras quatro vítimas.


Por que a empresa não se contentou em organizar roteiros de visita ao Titanic, utilizando robôs subaquáticos, enquanto os clientes permaneceriam totalmente seguros no navio assistindo a tudo no telão? Pergunta à qual o oceano jamais responderá...


A ganância humana nos cega. A mania de grandeza é traiçoeira. O ser humano não foi talhado para viajar a milhares de quilômetros de profundidade. Nenhuma máquina é totalmente confiável, basta constatar os acidentes fatais com submarinos. O homem não pode voar, mas há pessoas que praticam o esporte radical wingsuiting, no qual os adeptos usam roupas com asas e pulam de alturas imensas, muitas vezes para a morte. O piloto não deve deitar em cima de sua moto em alta velocidade. Ninguém deve pular de uma torre altíssima, com um elástico amarrado na perna, para praticar bungee jumping. Nós não somos feitos de aço.


Em poucos anos o ser humano viajará pela primeira vez a Marte, um planeta a milhões de quilômetros de distância da Terra. Mais uma viagem suicida, ambiciosa, mercenária. As mineradoras já estão calculando quantos bilhões de dólares arrancarão de Marte. Em breve sobrará apenas o caroço do planeta vermelho. Mas, provavelmente nenhum ser humano sobreviverá a essa viagem. Os astronautas no espaço sofrem diversos problemas graves de saúde, como dificuldades cardíacas, pressão sanguínea alterada, modificações genéticas, etc. Mas isso pouco importa. O mercenário quer tomar posse da galáxia, e lucrar. As diversas viagens de curta duração ao espaço são uma prova de um mercado aquecido e próspero.


A tragédia da catastrófica implosão do submarino, que visitaria outra catastrófica tragédia ocorrida em 1912, tornar-se-á em breve, tendo em vista a ganância humana, nova empreitada de turismo mórbido e deprimente. “Vejam! Chegamos ao nosso destino nestas águas profundas! Em 2023 uma implosão brutal despedaçou os corpos de cinco homens. Ali está o crânio de uma das vítimas. É oferta! É promoção! Tirem suas selfies! Aceitamos PIX!”.


domingo, 26 de dezembro de 2021

Feliz Natal!



Amado Menino Jesus,


Por que o Presépio não envelhece? Há dois milênios o senhor nasceu entre nós, um bebê miúdo, o mais lindo que os homens já conheceram. E miúdo o senhor prossegue, pequeno e carente, pedindo o seio da mãe, o colo do pai. A cada ano o Presépio anuncia que o Evangelho não envelhece, que a fé cristã é antiga mas também é nova, nasceu na Palestina e espalhou sementes de amor nos corações mergulhados em trevas. O que era sombra em nós foi iluminado pela doce coragem do seu sorriso. Eis que tudo se fez novo.


Mas permanece velho. Por que o senhor não envelhece, tomado pelas cinzas dos milênios? Por que a cada dia santo de Natal o seu tamanho nada diz de uma imensidão distante de um Deus ausente, mas me humilha porque é do meu tamanho, da exata medida da minha miséria? Por que Deus nasceu? Era preciso?


Eu preciso lhe dizer que caminhei muito até chegar aqui, com a mente abarrotada de medos e de perguntas. Ontem mesmo eu me perdi no deserto, acredita? E um homem estranho e frio me encontrou recostado entre areia e céu, mirando o nada absoluto que o vazio havia tecido no meu coração, e o verme imbecil que eu havia me tornado. Um homem de olhar dissimulado, mas quase convincente. Ele me disse para voltar pelas mesmas vielas inúteis que me trouxeram ali, porque era torpe demais esperar um Deus entre nós. Mas eu insisti quando percebi que o homem era um lobo metido em roupas de pastor de ovelhas. Ele fugiu ao ver a minha coragem para prosseguir.


O senhor nasceu, e eu morri. E eu nem sabia que era tão doce morrer diante de um bebê que me rasgou inteiro, que me fez pó e lama, para que eu soubesse que é tudo mentira, que aquele lobo engana por ofício próprio, que ele nos faz crer que somos deuses. Na verdade, somos ídolos com canelas de barro, arruinados. O lobo é o pai da cegueira. Ele não quer que vejamos que o senhor, o doce Menino Jesus, é o Deus que reina soberano pelo amor, pelo perdão, pela esperança. E nasceu sem coroa ou cetro.


Eu tive medo de entrar, preciso admitir. Nunca entendi nada, e aquilo era demais para a minha consciência. Entrei no Presépio e não ouvi mais nada. O silêncio era de uma força acusatória que me lançou ao chão. Eu precisei encontrar uma forma de estar ali, e me ajoelhei. O tempo passou, e a minha vida estava escrita nos olhos do senhor de uma forma que ninguém nunca havia me narrado. Não havia o ódio que tanto me caracteriza, nem o rancor, nem a dúvida. Era como um teatro, a minha vida inteira lançada no bendito olhar do Deus Menino. E o senhor não me condenava. Eu não entendi, porque é justamente condenar o que eu adoro fazer. O senhor me olhou, me tocou, me pediu colo.


Permaneci em silêncio, e gritei labaredas impetuosas na minha mente atordoada, clamando por amor, qualquer mísera gota de amor que pudesse me salvar. E recebi oceanos infindáveis de amor, paz, carinho. O Presépio me salvou. Eu pedi uma gota, e ele me deu tudo.


Menino Doce e Terno, estende as mãos e cura este mundo perdido nas trevas.


Luiz Andrada


Natal de 2021


domingo, 25 de julho de 2021

O crescente pet-centrismo nos EUA é uma forma de idolatria?

O crescente pet-centrismo nos EUA é uma forma de idolatria?


Julie Roys

15/06/2012





Você pagaria 25 mil dólares para salvar seu animal de estimação? Dois anos atrás, Mike Otworth o fez. A Chow-chow de 10 anos desse homem da Flórida foi diagnosticada com linfoma. Então, Otworth desembolsou milhares de dólares para a quimioterapia — e então levou a cadela para a Carolina do Norte, onde ela recebeu um transplante de medula óssea!


Em um mundo onde cerca de 925 milhões de pessoas passam fome, é incompreensível para mim que alguém se esforce tanto para salvar um animal de estimação. No entanto, gastos extravagantes com animais de estimação estão se tornando cada vez mais comuns. Apenas nos últimos seis anos, os gastos dos consumidores dos EUA com cuidados veterinários aumentaram de pouco mais de 9 bilhões de dólares por ano para colossais 13 bilhões e meio! Adicione alimentos e outros produtos para animais de estimação e nós, americanos, gastamos 51 bilhões de dólares por ano (*) com nossos companheiros animais! Mas fica pior.


No ano passado, a Associated Press e a Petside entrevistaram cerca de mil donos de animais perguntando quem eles abandonariam primeiro — seu parceiro ou seu animal de estimação? Um surpreendente 14 por cento disse que se afastaria do seu parceiro humano antes de desistir do seu amigo peludo — ou talvez emplumado.


Esse desvio de prioridade não se limita aos animais de estimação, no entanto. Todos os anos, a Humane Society dos Estados Unidos gasta mais de 120 milhões de dólares promovendo sua agenda de bem-estar animal. Isso inclui encorajar igrejas a iniciar ministérios de proteção animal e fazer lobby junto aos legisladores para promulgar leis que exijam gaiolas maiores para galinhas. Não me entenda mal. Eu amo animais — e tenho dois cães de um abrigo de resgate. Mas eu não apoio atribuir a eles valor e prioridade que eles simplesmente não deveriam ter.


No entanto, é isso que acontece quando a sociedade — e alguns cristãos — esquecem o lugar único que os humanos ocupam no mundo. Os animais não são nossos “irmãos e irmãs”, como declara a “Declaração Oficial sobre Animais” de uma denominação religiosa; são criaturas sem alma e desprovidas da imagem de Deus. Sim, devemos cuidar deles. Mas, quando eles começam a superar as relações humanas e consomem grandes proporções de nosso tempo e recursos, eles provavelmente se tornaram ídolos.


(*) Nota do tradutor: Em fevereiro de 2020 o gasto anual com produtos e serviços para pets nos EUA foi de cerca de 100 bilhões de dólares, o que corresponde hoje a cerca de 517 bilhões de reais (dólar do dia 26/07/2021). Um único país está idolatrando seus animais de estimação numa cifra de meio trilhão de reais! Há algo muito errado aí...


Fonte: The Roys Report


quarta-feira, 21 de julho de 2021

13 fatos brutais que deveriam estar na lápide de Fidel Castro

13 fatos brutais que deveriam estar na lápide de Fidel Castro


Americanos que elogiavam Fidel pareciam ter esquecido que ele apontara mísseis atômicos contra o país


Carlos Eire

26/11/2016

Especial para o Washington Post





Um dos ditadores mais brutais da história moderna acaba de falecer. Por mais estranho que pareça, alguns lamentaram sua morte e muitos o elogiaram. Milhões de cubanos que aguardaram com impaciência este momento durante mais de meio século refletirão simplesmente sobre seus crimes e recordarão a dor e o sofrimento que causou.


Por que essa diferença? Porque o engano foi um dos maiores talentos de Fidel Castro e a credulidade é uma das maiores debilidades do mundo. Gênio na criação de mitos, Castro se valeu da sede humana de mitos e heróis. Suas mentiras eram belas e muito sedutoras. Segundo Castro e seus propagandistas, o objetivo da assim chamada revolução não foi criar um estado totalitário repressivo e assegurar que o governaria como um monarca absoluto, mas sim eliminar o analfabetismo, a pobreza, o racismo, as diferenças de classe e todos os demais males conhecidos pela humanidade. Esta mentira audaz se tornou crível graças, em grande medida, ao incessante alarde de Castro sobre a escolaridade e a assistência médica gratuitas, que fizeram que o mito da benevolente revolução utópica fosse irresistível para muitos desfavorecidos do mundo.


Muitos intelectuais, jornalistas e gente esclarecida do primeiro mundo também acreditou no mito – ainda que tenham sido os primeiros a irem para a cadeia ou serem assassinados por Castro em seu próprio reino – e suas suposições adquiriram uma intensidade similar às convicções religiosas. Dizer a esses crentes que Castro prendeu, torturou e assassinou muito mais gente, milhares mais, que qualquer outro ditador latino-americano foi, geralmente, em vão. Sua crueldade bem documentada, embora reconhecida, não muda as coisas porque ele era julgado segundo um aberrante código de ética que escapava à lógica.


Esse desequilíbrio moral kafkiano tinha, sem dúvida, um toque de realismo mágico tão escandalosamente inverossímil como qualquer coisa que Gabriel García Márquez, amigo íntimo de Castro, poderia sonhar. Por exemplo, em 1998, na época em que o ex-presidente do Chile Augusto Pinochet foi preso em Londres por crimes de lesa-humanidade, o autoungido “líder máximo” visitou a Espanha com festa, sem que lhe causassem problemas, mesmo que seus abusos aos direitos humanos tornassem pequenos os de Pinochet.


O que é pior, cada vez que Castro viajava ao exterior, muitos se derretiam diante de sua presença. Em 1995, quando foi a Nova York para falar na ONU, muitos personagens ilustres manobraram tão intensamente para ter a oportunidade de conhecê-lo no apartamento de três andares do magnata Mort Zuckerman, na Quinta Avenida, que a revista Time declarou: “Fidel toma Manhattan!”. Para não ficar para trás, a Newsweek declarou Castro como “A maior atração de Manhattan”. A nenhum membro da elite que se encontrou com Castro nesse dia pareceu importante que em 1962 ele apontara armas nucleares contra suas cabeças.


Se este fosse um mundo justo, seriam postos 13 pontos na lápide de Castro e eles seriam destacados em todos os obituários:


1 - Converteu Cuba em uma colônia da União Soviética e quase causou um holocausto nuclear.


2 - Patrocinou o terrorismo como pôde e se aliou com muitos dos piores ditadores da terra.


3 - Foi responsável por tantas execuções e desaparecimentos em Cuba que é difícil calcular um número preciso.


4 - Não tolerou oposição alguma e construiu campos de concentração que lotou ao máximo, em um ritmo sem precedentes. Encarcerou um porcentual maior de seu próprio povo do que a maioria dos demais ditadores modernos, entre eles Stálin.


5 - Aprovou e promoveu a prática da tortura e dos assassinatos extrajudiciais.


6 - Obrigou ao exílio quase 20% de seus compatriotas, muitos dos quais morreram no mar, sem ser vistos ou contados, enquanto fugiam.


7 - Reclamou toda propriedade para si mesmo e para seus seguidores, cortou a produção de alimentos e empobreceu a vasta maioria de seu povo.


8 - Proibiu a iniciativa privada e os sindicatos, eliminou a ampla classe média cubana e converteu os cubanos em escravos do Estado.


9 - Perseguiu aos homossexuais e tentou erradicar as religiões.


10 - Censurou todos os meios de expressão e comunicação.


11 - Estabeleceu um sistema escolar fraudulento que doutrinou em vez de educar e criou um sistema de saúde de dois níveis, com assistência médica inferior para a maioria dos cubanos e superior para si mesmo e para sua oligarquia. Depois, sustentou que todas as suas medidas repressivas eram absolutamente necessárias para assegurar a sobrevivência desses projetos de bem estar social ostensivamente “gratuitos”.


12 - Converteu Cuba em um labirinto de ruínas e estabeleceu uma sociedade de apartheid, em que milhões de visitantes estrangeiros tinham direitos e privilégios que eram vedados a seu povo.


13 - Nunca se desculpou por seus crimes e nem foi processado por eles.


Em suma, Fidel Castro foi o vivo retrato do Big Brother, personagem do romance de George Orwell “1984”. Então, adeus Big Brother, rei de todos os pesadelos cubanos. E que seu sucessor, o Little Brother, logo abandone o trono sangrento que lhe deixaram.


* Carlos Eire é escritor e Profesor T.L. Riggs de História e Estudos Religiosos na Universidade de Yale.


Fonte: Gazeta do Povo


A megalomania humana vai do Titanic a Marte

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