sexta-feira, 23 de junho de 2023

A megalomania humana vai do Titanic a Marte

A megalomania humana vai do Titanic a Marte



Luiz Andrada

22 jun. 2023

luizandradabh@gmail.com





A ganância mórbida pela tragédia do Titanic implodiu cinco homens nas mesmas águas que já ceifaram milhares de vidas.


Desde quando o cadáver do Titanic foi encontrado inerte no fundo do oceano diversas empreitadas mercenárias mergulharam atrás de notoriedade e dinheiro. Os artefatos recolhidos da sepultura do Titanic foram vendidos e leiloados, e renderam milhões de dólares. Um negócio lucrativo.


Agraciado pelo dom da imbecilidade um homem teve a ideia genial de levar seres humanos a um ambiente selvagem no qual pouca vida existe, a quatro mil metros de profundidade. Uma viagem que custa cerca de um milhão de reais. Para quê? Para ver uma sepultura enferrujada, e para enriquecer a empresa do homem genial, que em breve prosseguirá com suas viagens suicidas. Aliás, o homem genial, proprietário da empresa, faleceu com as outras quatro vítimas.


Por que a empresa não se contentou em organizar roteiros de visita ao Titanic, utilizando robôs subaquáticos, enquanto os clientes permaneceriam totalmente seguros no navio assistindo a tudo no telão? Pergunta à qual o oceano jamais responderá...


A ganância humana nos cega. A mania de grandeza é traiçoeira. O ser humano não foi talhado para viajar a milhares de quilômetros de profundidade. Nenhuma máquina é totalmente confiável, basta constatar os acidentes fatais com submarinos. O homem não pode voar, mas há pessoas que praticam o esporte radical wingsuiting, no qual os adeptos usam roupas com asas e pulam de alturas imensas, muitas vezes para a morte. O piloto não deve deitar em cima de sua moto em alta velocidade. Ninguém deve pular de uma torre altíssima, com um elástico amarrado na perna, para praticar bungee jumping. Nós não somos feitos de aço.


Em poucos anos o ser humano viajará pela primeira vez a Marte, um planeta a milhões de quilômetros de distância da Terra. Mais uma viagem suicida, ambiciosa, mercenária. As mineradoras já estão calculando quantos bilhões de dólares arrancarão de Marte. Em breve sobrará apenas o caroço do planeta vermelho. Mas, provavelmente nenhum ser humano sobreviverá a essa viagem. Os astronautas no espaço sofrem diversos problemas graves de saúde, como dificuldades cardíacas, pressão sanguínea alterada, modificações genéticas, etc. Mas isso pouco importa. O mercenário quer tomar posse da galáxia, e lucrar. As diversas viagens de curta duração ao espaço são uma prova de um mercado aquecido e próspero.


A tragédia da catastrófica implosão do submarino, que visitaria outra catastrófica tragédia ocorrida em 1912, tornar-se-á em breve, tendo em vista a ganância humana, nova empreitada de turismo mórbido e deprimente. “Vejam! Chegamos ao nosso destino nestas águas profundas! Em 2023 uma implosão brutal despedaçou os corpos de cinco homens. Ali está o crânio de uma das vítimas. É oferta! É promoção! Tirem suas selfies! Aceitamos PIX!”.


sábado, 21 de janeiro de 2023

Em Brasília o bolsolavismo mostrou a que veio

Em Brasília o bolsolavismo mostrou a que veio



Luiz Andrada

21 jan. 2023

luizandradabh@gmail.com





Há, no mínimo, quatro paternidades responsáveis pelos atos terroristas em Brasília no domingo, dia 8 de janeiro. A paternidade ideológica pertence ao filósofo Olavo de Carvalho, o mestre das teorias da conspiração. A paternidade política pertence ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A paternidade da disseminação de loucuras, paranoias, conspirações e mentiras pertence aos usuários de aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp e o Telegram. A paternidade religiosa pertence aos padres e aos pastores, autoproclamados porta-vozes de Deus e líderes do rebanho de católicos e evangélicos que frequentam a direita e a extrema-direita. Esse quarteto estimulou a violência monumental e a destruição do patrimônio público brasileiro, demonstrando novamente que a mistura entre política, religião e militarismo está entre as mais perigosas que a humanidade conhece.


Os bolsonaristas agiram como soldados guiados pelos lemas “Deus, Pátria, Família” e “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, muito embora não se saiba o que Jair Bolsonaro tem a ver com Deus. Havia naquelas pessoas uma sede de justiça divina, revolta santa. Um emaranhado de autênticos selvagens que não admitem viver em democracia. Em uma competição, negar que o vencedor venceu parece coisa de criança birrenta, mimada. Portanto, fizeram “justiça” ao ego ferido pela derrota eleitoral. Pessoas machucadas, vandalismo, terrorismo, prejuízo patrimonial que alcança a cifra de milhões de reais, a serem pagos pelo povo brasileiro. Em data anterior, em dezembro de 2022, bolsonaristas tentaram explodir um caminhão de querosene no Aeroporto de Brasília, fato que teria se consumado como um dos maiores atentados terroristas na história do Brasil, se bem-sucedido. Os planos terroristas continuam ativos, pois as autoridades afirmam que os ogros pretendem atacar o sistema de distribuição de energia elétrica, causando apagões nos Estados. E os demais planos que seguem ocultos das autoridades policiais e da sociedade? Será que estamos seguros no Brasil da barbárie política? Direita e extrema-direita estão unidas em matrimônio macabro, mostrando ao Brasil a que vieram. A seita bolsolavista sobrevive de fanatismo político temperado com fanatismo cristão fundamentalista.


Quando a política entra numa relação meretrícia com a religião o que se concebe daí é uma atmosfera altamente tóxica e deletéria. Há políticos em algumas nações que governam em nome de Deus e que implantam verdadeiros regimes demoníacos, pautados pelo terror. Deus não se encontra ali, ele é apenas um subterfúgio para manipular a massa ignorante. Devemos indagar se pode ser um psicopata aquele que assume o papel de profeta do Altíssimo e se sente autorizado a impor a vontade de Deus no campo da política. Uma única pessoa que mantém poder político e poder espiritual em suas mãos é credora de toda a nossa desconfiança. Essa ambição é sintoma de megalomania. Os acampamentos terroristas receberam direção espiritual de padres, atendimento para confissões, entre outras devoções católicas. Jair Bolsonaro sempre foi apoiado por pastores celebridades, pastores milionários, líderes especialmente das seitas evangélicas mais quadrúpedes — carismáticas e pentecostais —, marcadas pelo emocionalismo idiota, raso e torpe, religiões estúpidas que estimulam o irracional, histeria, gritos, convulsões, choradeira. Esse tipo de religião imbecilizante atrai mentalidades extremamente sugestionáveis, impressionáveis, manipuláveis, justamente as pessoas que se emocionam diante de lindos discursos políticos, os alvos mais fáceis para qualquer lavagem cerebral. Quanto mais berros emotivos do padre, pastor, político, mais o fiel se prostra de quatro em prantos. Há quem goste desse espetáculo circense. Essa religião pentecostal, de surtos histéricos, de gente que vai para a igreja para berrar como porcos sendo castrados, é a que mais cresce no Brasil, para o desespero dos canais auditivos de todos que vivem na vizinhança dessas seitas malditas. O pentecostalismo evangélico é bruxaria cristã, macumba cristã. Cumpre notar que alguns pastores bolsonaristas foram presos porque participaram dos atos terroristas em 8 de janeiro. O exército de golpistas e terroristas influenciados pela obra de Olavo de Carvalho e liderados por Jair Bolsonaro é majoritariamente cristão.


No meio católico romano há um grupo que exemplifica a união entre fanatismo religioso e paixões políticas. Trata-se de um imenso movimento nazifascista e medievalista, costumeiramente chamado de “tradição católica”. Os católicos tradicionalistas almejam voltar a viver na Idade Média, com as suas missas em latim e o seu arraigado desprezo pelo Concílio Vaticano II. Numa breve convivência com esses loucos eu pude testemunhar discursos, atitudes e paranoias típicas de quem está vivendo num mundo paralelo de fantasia. Após denunciar os absurdos mais graves às autoridades públicas, eu criei um blog (1) para alertar as pessoas contra esse grupo. Quase todos os católicos tradicionalistas que eu conheci são olavistas e bolsonaristas, e não por menos diversas missas tridentinas são rezadas em clubes militares, batalhões da Polícia Militar, clubes da reserva, entre outros.


No passado, durante uma manifestação bolsonarista na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, eu tive uma clara demonstração do fanatismo religioso que se apossou do governo e da militância de direita. Eu e um homem nos aproximamos de um terceiro senhor e começamos a conversar. Esse último senhor estava exaltado, um pouco ríspido. Quando criticamos, por exemplo, os três filhos políticos de Jair Bolsonaro esse senhor quase nos agrediu verbalmente. Após mudarmos de assunto, esse mesmo senhor disse assim: “Nós estamos diante de um alinhamento de planetas, e por isso está acontecendo uma batalha espiritual tremenda no Brasil. Mas, Deus enviou os seus anjos Gabriel, Rafael e Miguel para ajudar na batalha, e enviou também o anjo Uriel para reforçar a luta. Você precisa ler direito o Apocalipse para entender o que está acontecendo hoje no Brasil”. Inacreditável e surpreendente como as pessoas podem tratar questões políticas apelando para idiotices sobrenaturais, anjos, demônios, etc. Eu percebi que havia na mente de muitos daqueles bolsolavistas uma influência do pensamento medieval, pânico por causa de bruxas, satanistas, comunistas, diabinhos, etc. Após algumas participações nesses eventos eu decidi me afastar desse ambiente perturbador.


Os canalhas do clero esquerdista também agem da mesma forma, inoculando veneno marxista nas igrejas, e apoiando campanhas eleitorais dos candidatos que defendem a ideologia mofada de Karl Marx. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é o exemplo maior da relação meretrícia entre os cretinos do clero esquerdista e os políticos da mesma família ideológica. Os bispos católicos da CNBB são meros políticos de báculo e mitra, e agem para tentar transformar o cristianismo numa espécie de religião da demagogia marxista. A teologia da libertação sempre foi uma teologia da escravidão. Daí se compreende que o cristianismo está escravizado ao discurso de uma multidão de clérigos manipuladores, de todas as denominações e de todas as posições ideológicas. Parece que o cristianismo está agonizando, pois virou simplesmente um partido político da cor que o freguês preferir, a depender do humor do momento. Hoje eu quero uma igreja que pregue capitalismo selvagem, mas amanhã eu quero uma igreja que pregue assistencialismo barato. O cristianismo virou um campo minado, e multidões de cristãos estão a cada ano abandonando as suas igrejas. Ninguém mais suporta ir à igreja para ouvir discursos petistas, discursos bolsonaristas e qualquer outro discurso ideológico que esteja na mente suína do clérigo.


O ex-presidente construiu uma imagem de messias político, o salvador da pátria, o eleito de Deus, e os seus seguidores acreditaram nessa mentira, fortalecendo-a durante todo o seu mandato. Política e religião nunca devem se misturar dessa maneira. Os psicopatas do clero sempre se uniram aos psicopatas da política, e o resultado dessa prostituição sempre foi a tragédia. O governo de Jair Bolsonaro foi amaldiçoado por uma constelação de clérigos perversos e palhaços, pastores e padres — católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos —, paridos em alguma câmara sombria dos infernos. Numa aberração monstruosa tivemos até mesmo um padre ortodoxo, bolsonarista, candidato à Presidência da República. Uma canalhice religiosa sem precedentes. Padre Kelmon inicialmente era candidato a vice na chapa com Roberto Jefferson, o sociopata bolsonarista que fuzilou viaturas da Polícia Federal, e arremessou granadas contra os policiais. O que um padre influenciado por essa mentalidade faria na Presidência da República? Salvo engano, um padre ortodoxo oriental não tem autorização da sua igreja para se candidatar a cargos políticos. Por pouco o Brasil não se tornou uma espécie de talibã cristão. O que virá em seguida? Dom Orani Tempesta candidato a governador do Rio de Janeiro? Padre Júlio Lancellotti candidato a prefeito de São Paulo?


Os bolsolavistas são homens e mulheres que admiram os tempos dos choques nas partes íntimas, regidos pelo AI-5. Homens e mulheres que admiram torturadores como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar defendido pelo pai da direita brasileira, Olavo de Carvalho, e sobejamente admirado pelos membros do clã Bolsonaro. Homens e mulheres que decidiram idolatrar o militarismo, como se uma patente militar fosse sinônimo de retidão, caráter, heroísmo. Jair Bolsonaro mantinha seis mil militares e seus familiares em cargos políticos no seu governo (2), a maior quantidade de militares mesmo se comparada aos tempos do regime militar. O ex-presidente nomeou essas pessoas meramente pelo uso da farda, e não por mérito ou competência para aquelas funções. Entulharam a União de militares. O povo brasileiro estava sustentando um Estado militar. Não por menos, os policiais e os militares formam o imenso batalhão leal a Jair Bolsonaro. Esse mesmo batalhão participou ativamente das ações terroristas em Brasília no dia 8 de janeiro, facilitando os crimes que testemunhamos atônitos diante da televisão.


O ambiente policial e militar do Brasil é capaz de produzir elementos de uma periculosidade medonha, conforme veiculado frequentemente pelo noticiário nacional. Eu não me sentiria seguro em um país administrado por militares e policiais. Os bolsonaristas pedem golpe militar, intervenção militar, regime militar, ditadura militar, e não se envergonham quando ostentam cartazes imundos em seus acampamentos de lunáticos: “Exigimos o AI-5!”. Que mentalidade mesozoica é essa capaz de exigir choque nas partes íntimas de quem pensa diferente no campo da política, da ideologia?


Jair Bolsonaro preparou e antecipou o golpe através de falas reiteradas incitando seus seguidores, e registrando em seus cérebros claras mensagens antidemocráticas. Felizmente esses discursos foram gravados, e a imprensa sempre os divulgou. Em janeiro de 2021, Jair Bolsonaro disse: “Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos” (3). Surpreende o fato de que ele estava certo? O ex-presidente lançou a sugestão na mente dos seus militantes, e os tais acolheram e corresponderam. É incomensurável o peso de uma manipulação que parte da liderança maior de um país, especialmente quando esse líder carrega uma aura de messianismo cristão. Tanto Olavo de Carvalho quanto Jair Bolsonaro são exímios mentirosos e competentes manipuladores de massas. O ex-presidente acertou a profecia que ele mesmo encomendou, e nós tivemos problema muito pior. Os terroristas bolsonaristas atacaram os três poderes do Estado brasileiro, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, enquanto os terroristas trumpistas atacaram o Legislativo norte-americano, o Capitólio. A diferença é que no Brasil os policiais e os militares cooperaram nos atos terroristas, algo impensável nos Estados Unidos.


As ideias fanáticas do Olavo de Carvalho, o filósofo histérico e amante do coturno, as falas golpistas e violentas de Jair Bolsonaro, as fake news e as pregações cristãs extremistas têm consequências, e elas estão agora diante do Brasil perplexo e do mundo assombrado. Civis fanáticos amparados por policiais e militares desonestos podem facilmente dominar um país, e isso está provado aos brasileiros. Esses militantes estão agindo em nome de Jesus Cristo. Muitos acreditam que foi Deus quem elegeu Jair Bolsonaro, e que Deus não permitirá que ele seja afastado da Presidência. A degradação moral desses fanáticos é tamanha que os tais já fizeram circular nas redes sociais imagens de Jair Bolsonaro representado como o próprio Jesus Cristo, Deus encarnado. Muitos militantes estão mergulhados num intenso processo de alienação, pois negam a vitória do petista Lula, negam os resultados das eleições, negam a diplomação, negam a posse, afirmando que tudo isso é mentira. Crianças mimadas e birrentas. E perigosas.


É imperioso nos afastarmos da direita bolsolavista, pois os seus frutos são podres. Nós devemos aconselhar amigos e familiares a se afastarem dessa ideologia extremista, antes que novas tragédias aconteçam. Direita, esquerda, centro, e qualquer outra ideologia política a ser inventada pelo engenho humano, merecem suspeita absoluta, porque o mundo político sempre foi conduzido por psicopatas. Quem faz da ideologia política o sentido da sua vida terminará sofrendo as consequências da sua escolha: embates, conflitos, discussões, brigas, mentiras, traições, propinas, homicídios, envolvimento com organizações criminosas, processos judiciais, etc. Quem se mete na latrina da política termina exalando maus odores. Há pessoas dispostas a matar por causa da cor de uma camiseta que o outro veste. Vale a pena morrer pelos políticos, ou seja, pelo conteúdo da latrina, do esgoto?


Olavo de Carvalho é o pai da imensa parcela desse grupo extremista que hoje se reúne no Brasil sob o nome de direita. Eu frequentei por algum tempo esse pardieiro ideológico. E desde quando me afastei da direita brasileira (4) — nunca me envolvi com o esgoto esquerdista — percebo com imensa tristeza o agravamento da paranoia e das mentiras absorvidas pelos bolsolavistas. Algo estarrecedor. A conspiração e a paranoia são os elementos que formam o imaginário do direitista brasileiro. Olavo de Carvalho, por exemplo, negou o vírus da covid-19, negou a pandemia, negou a eficácia da vacina, e finalmente faleceu nos EUA por complicações da covid-19. Quantos mais faleceram nessa pandemia estimulados pelas paranoias e mentiras do Olavo de Carvalho? Um paralelo no mínimo assustador é o fato de que o Olavo de Carvalho disse no passado que um refrigerante era produzido com células de fetos abortados, e justamente a partir dos círculos bolsolavistas se espalhou a mentira de que uma vacina contra a covid-19 era produzida com células de fetos abortados. Tal mentira causou uma tragédia abissal em meio à população brasileira mais sugestionável e ignorante.


Durante a pandemia o bolsolavismo caiu em descrédito, e entrou para a categoria das filosofias obscurantistas e contrárias à ciência, algo próprio do pensamento medieval (ou mesozoico?). Até as emas do Palácio da Alvorada foram vítimas do bolsolavismo, e receberam prescrição de cloroquina da parte do cientista Jair Bolsonaro. Em pouco tempo, todos nós brasileiros nos tornamos médicos, cientistas, sanitaristas, epidemiologistas, formados na Universidade WhatsApp de Ciências da Saúde e no Instituto Superior Telegram de Medicina. Cada vacina produzida para combater a covid-19 era imediatamente linchada e queimada na fogueira do WhatsApp e do Telegram. Por esses e outros motivos, o bolsolavismo será apresentado nos livros de história como uma das maiores tragédias políticas e sanitárias do Brasil. Quando eu percebi que a direita brasileira é um hospício, um clube nazifascista, racista, obscurantista, senti vergonhas lancinantes, joguei a última pá de terra sobre essa página deprimente da minha história, e me afastei. Eu destruí absolutamente todos os livros e materiais assinados pelo Olavo de Carvalho que ainda acumulavam poeira na minha modesta biblioteca, bem como outros materiais de índole direitista. Encarar a existência como uma luta política estúpida e eterna é desperdiçar fôlego vital.


Os próprios militantes da direita estão destruindo a direita. Os terroristas conseguiram estimular mais ainda o ódio e a perseguição da esquerda contra a direita. Doravante, qualquer pessoa que citar apoio a Olavo de Carvalho e a Jair Bolsonaro será impiedosamente massacrada no ambiente profissional, acadêmico, estudantil, esportivo, artístico, familiar, midiático, religioso, entre outros. A própria imprensa brasileira, após sofrer perseguições e agressões da parte dos bolsonaristas, está tomada de uma atitude revanchista e assumiu a dianteira no processo de divulgar nomes e fotos dos terroristas bolsonaristas. Esses militantes da direita estão sendo massacrados, e ainda sofrerão amargas consequências no percurso de suas vidas. Será que valeu a pena?


Quem queira conhecer os perigos da direita basta pesquisar a imprensa, e um caldo grosso de sangue, terrorismo doméstico, paixões nazifascistas descerá abundante das telas do computador e do celular. Estados Unidos e Europa tornaram-se ninhos acolhedores para a gestação e a disseminação do movimento nazifascista. A direita é um grupo perigosíssimo, e está atraindo pessoas muito violentas. Nunca apoiei ou frequentei círculos marxistas, mas quando percebi a aura podre da direita eu me afastei daquilo que se vendia como a cura contra as moléstias do pensamento esquerdista. Uma mentira. Tanto a esquerda quanto a direita pertencem ao mesmo hospício, ao mesmo chiqueiro. Se o leitor aceita uma sugestão eu a faço em poucas palavras: afaste-se de todo grupo político. O fanatismo ideológico está na origem de crimes horrendos na atualidade. Não perca a sua vida, tempo e energia nas fileiras da política. Eu espero o dia em que o voto facultativo será implantado no Brasil, mas até que não chegue esse dia glorioso eu seguirei anulando o meu voto. O voto nulo não é de centro, nem de esquerda, nem de direita. É nulo.



Notas



(1) Breve esclarecimento sobre este blog. Denuncie os católicos tradicionalistas! 24 dez. 2020. Disponível em: <https://denuncieostradicionalistas.blogspot.com/2020/12/breve-esclarecimento-sobre-este-blog.html>. Acesso em: 21 jan. 2023.



(2) Ordem de Lula pode atingir seis mil cargos. Agência Estado. 07 jan. 2023. Disponível em: <https://www.diariodaregiao.com.br/politica/nacional/ordem-de-lula-pode-atingir-seis-mil-cargos-1.1038420>. Acesso em: 21 jan. 2023.



(3) Relembre declarações de tom golpista de Bolsonaro. Folha de S.Paulo. 29 maio 2022. Disponível em: <https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1734174012519678-relembre-declaracoes-de-tom-golpista-de-bolsonaro>. Acesso em: 21 jan. 2023.



(4) Por que eu vomitei o bolsolavismo? Luiz Andrada. 22 nov. 2021. Disponível em: <https://andradaluiz.blogspot.com/2021/11/por-que-eu-vomitei-o-bolsolavismo.html>. Acesso em: 21 jan. 2023.



sábado, 13 de agosto de 2022

A Savassi agoniza

A Savassi agoniza



Luiz Andrada

13 ago. 2022

luizandradabh@gmail.com





Deplorável a situação do bairro Savassi, em Belo Horizonte. Um bairro outrora sofisticado, próspero, conhecido pelo seu comércio diversificado, mas que hoje agoniza numa decadência espantosa.


Ontem eu fiz um breve passeio pela Savassi e perdi a conta das lojas fechadas e sepultadas. Em meio à atmosfera de falência generalizada, encontrei rodinhas de maconha; pichações; sujeira; calçadas, jardins, fontes e canteiros mal conservados; moradores de rua bêbados e drogados; e um odor persistente de urina aqui e ali. Tentei encontrar o bairro que conheço há décadas, mas me deparei apenas com o abandono.


Afinal, onde está a Savassi? Aquele bairro vistoso e alegre de antes da pandemia de covid-19?


Será que o resto da Savassi sobreviverá às previsões catastróficas de uma recessão global em 2023? O que será de Belo Horizonte?


O ex-prefeito, Alexandre Kalil, carrega o peso maior da culpa pelo desastre que ele provocou na vida econômica de Belo Horizonte. Medidas ditatoriais impondo o fechamento de empresas causaram a onda de falências que estão ante os nossos olhos. Por que fechar uma loja quando já havia uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e depois vacinação? Alexandre Kalil é o coveiro da capital mineira.


Eu não acredito que o Brasil possa melhorar. O governo petista que se aproxima, idêntico àquele do Mensalão, do Petrolão e do presídio em Curitiba, haverá de lançar sobre as nossas cabeças as últimas pás de terra para o sepultamento definitivo. O Brasil já é e será cada vez mais uma Savassi ampliada.


Aqui jaz a Savassi-Brasil. Saudades eternas.


quarta-feira, 27 de julho de 2022

Um dia no Centro de Belo Horizonte

Um dia no Centro de Belo Horizonte


Luiz Andrada

27 jul. 2022

luizandradabh@gmail.com





Carlos reside no Centro de Belo Horizonte, entre a Praça Sete e o Shopping Cidade.


A cada dia Carlos enfrenta vários desafios. Logo ao sair do seu prédio ele se depara com dois antigos moradores ilustres sorrindo alegremente:


— Bom dia, cocô de mendigo! Bom dia, poça de urina!


Um salto mortal e ele logo se recupera.


Mais adiante começa a ladainha dos moradores de rua, drogados, pivetes, etc. Como Carlos tem a aparência de um caixa eletrônico todos se sentem no direito de exigir dinheiro, e se for negado o pedinte lança uma praga.


— Me vê um trocado para o café! Me dá um dinheiro para a marmita! Me vê um dinheiro para o jantar! Me carrega no colo, me dá seu peito para eu mamar, me leva para sua casa, me faz dormir, etc.


O cidadão é obrigado a fazer o papel do próprio e autêntico Estado fornecedor de benefícios, auxílios, bolsas.


Essa multidão de mendigos é bastante exigente. Carlos é importunado o dia inteiro por essa perigosa tribo de drogados.


Ao virar o quarteirão Carlos encontra a velha e sempre jovem quadrilha que rouba itens de ouro e celulares na região central. Um dia a Guarda Municipal e a Polícia Militar tomarão medidas concretas para coibir esses crimes. Até lá, continuamos aguardando.


A etapa final do desafio de perambular pelo Centro de Belo Horizonte, este pardieiro decadente, inclui sobreviver a motoqueiros criminosos que avançam o semáforo reiteradamente; saltar buracos nas calçadas; fugir de caixas sem tampas nas calçadas; ouvir gente insuportável e irritante gritar o dia inteiro a plenos pulmões: “Vendo ouro! Compro ouro! Avalio ouro! Compro cabelo!”; suportar taxistas ogros que berram, buzinam, gargalham, incomodam os vizinhos; suportar igrejas evangélicas barulhentas abrindo suas portas a cada esquina, para arrancar dinheiro de otários semianalfabetos; presenciar moradores de rua imundos e sem higiene entrando em padarias, lanchonetes, restaurantes; fugir das fezes e da urina dos cães de estimação; fugir de gente vendendo balas e doces, o dia inteiro atrás das pessoas, insistindo, incomodando, querendo forçar um aperto de mãos; etc.


Por diversas vezes, ao longo dos anos, reclamamos e denunciamos circunstâncias as mais absurdas. Por duas ocasiões, processei uma igreja pentecostal estabelecida no segundo andar de um prédio comercial na Rua Tamoios. Gritos, palmas, bateria, urros, berros, um verdadeiro inferno transmitido por microfones e caixas de som em volume altíssimo. Também processei um restaurante que no período noturno apresentava pagode até alta madrugada. Detalhe sórdido: a igreja pentecostal citada ocupou o mesmo imóvel que pertencia ao restaurante.


Na porta do Shopping Cidade e nos bares ao redor os músicos se apresentam até o período noturno. Saxofone, violão, violino, trombone, voz, caixas de som animando o karaokê.


Há alguns anos, a parada gay trouxe vários trios elétricos para os quarteirões ao redor da Praça Sete, causando um transtorno imenso, haja vista o volume ensurdecedor. As janelas dos nossos apartamentos tremiam diante da potência dos trios elétricos. Eu organizei um abaixo-assinado e levei à Promotoria do Meio Ambiente, e depois de alguns meses o promotor determinou que a parada gay não poderia mais se estabelecer nesta região, indicando a Praça da Estação para receber esse evento.


Enquanto o morador sofre, a Prefeitura de Belo Horizonte “trabalha” arduamente multando carros estacionados em diversas localidades do Centro. Afinal, a Prefeitura precisa de recursos para continuar fazendo porcaria nenhuma pelo cidadão que reside neste bairro.


quinta-feira, 21 de julho de 2022

Uma mulher idosa e doente desrespeitada e invadida por toda uma nação

Uma mulher idosa e doente desrespeitada e invadida por toda uma nação



Luiz Andrada

21 jul. 2022

luizandradabh@gmail.com





Ontem foi dia de estupro coletivo praticado pela imprensa nacional, bem ao gosto dessa categoria calhorda e torpe do jornalismo brasileiro. Venham ver a calcinha da moradora da mansão! Ou melhor, venham ver as entranhas! O que assistimos ontem pelas mãos desses jornalistas malditos foi um linchamento atroz, uma invasão de domicílio e uma condenação coletiva antecipada do mais baixo nível. Ou seja, o nível do esgoto no qual o jornalista brasileiro vive. O crime teria sido viver dentro da casa dela, e passar creme dermatológico no rosto. Isso por si só a transformou em um monstro para esses vermes inúteis que passam a vida fofocando nas redes infernais. E foram esses parasitas de Facebook, Instagram, Twitter, que deram ao caso a proporção sádica e perversa que acabou ganhando. Se ela cometeu outro crime, em outro país, o tal crime já teria prescrito há décadas. O então marido já foi preso nos EUA pelo crime, cumpriu a pena, e hoje vive vida feliz e próspera.


O maior fanfarrão escroto da televisão brasileira, quase prefeito, quase governador, quase senador, quase presidente, que vive de sensacionalismo macabro e tenebroso, que vive aos berros para conseguir uma dose qualquer de sórdida audiência — ou de votos nas eleições — que lhe garanta as comissões dos produtos que ele anuncia no seu jornal satânico, passou o programa inteiro fiscalizando a vida, a casa, o telhado, a pintura, o jardim, os móveis, os animais, os outros imóveis, a conta-corrente, a calcinha, as entranhas da moradora da mansão. E diversos policiais, jornalistas, ambientalistas, servidores públicos, bombeiros, invadiram a casa da senhora, fotografaram, filmaram e postaram para o mundo inteiro. Eis as entranhas de uma senhora doente! Vamos todos gozar a saciedade das nossas perversões! Vejam as entranhas da senhora! Resta saber se todos os invasores daquela propriedade privada tinham autorização judicial para invadir aquele espaço. Vamos aguardar que algum membro do Judiciário venha a público explicar e condenar esse estupro e linchamento coletivos, e punir os responsáveis. Quem tinha autorização? Quem não tinha autorização? Como é possível que um bando de gente entre numa moradia e saia fotografando, filmando e espalhando tudo para o universo inteiro? A lei permite isso? Imagine você ter as suas calcinhas fotografadas e espalhadas pelas redes sociais! O que é isso, gente? Nós voltamos ao mesozoico? Somos bárbaros?


O jornalismo policial no Brasil virou um caso de polícia. Essa gente precisa ser processada e condenada. A sociedade precisa dar um basta a esse jornalismo de fofoquinha tóxica, venenosa, de quinta categoria. Jornalista prende, acusa, processa, condena, encarcera, liberta a quem bem entende. Ele sofre de uma síndrome de juiz. Esses jornalistas canalhas querem apenas audiência, e passam por cima da porta, da janela, do telhado, desde que consigam vender os produtos anunciados na grade publicitária. A mansão da senhora de São Paulo foi invadida por todas aquelas pessoas, por todos nós, mas também por todas as empresas que sustentam com suas propagandas esse jornalismo imundo e diabólico que impera no Brasil. Fossem outras gerações, fossem outros tempos, fossem outros povos e países, e todas as pessoas que ontem estupraram aqueles limites residenciais, desprovidas de autorização judicial, teriam sido recebidas a bala. E a lei daria respaldo a cada bala. Violar domicílio é crime. Legítima defesa é direito inalienável.


Thomas Jefferson against Calvinism