domingo, 11 de abril de 2021

Overdose digital



Um passeio pelo STF

Um passeio pelo STF



Luiz Andrada

10 abr. 2021

luizandradabh@gmail.com





Trupico é um simples cidadão brasileiro. Meio grosso às vezes. Mas esperto, manso. Vai ciscando, ciscando, pra ver se consegue o que quer. Um dia ele visitou o STF.


Trupico: Ôh nobre corte! Quem é o rei desta joça?


Marco Aurélio: Senhor Presidente? Presidente? Quem é essa lombriga falante, usando o microfone?


Luiz Fux: Quem é o senhor?


Trupico: Eu sou o Trupico. Por que, égua? Eu tô limpinho, viu. Sou pobre, mas banhei ontem.


Luiz Fux: O que o senhor quer, Trupico?


Rosa Weber: Ai que nojo... Ai que nojo... Tem um pobre na corte... Cadê meu sal de fruta, gente? Garçom? Meu sal! Agora!


Trupico: Então... Como é aquela música? “Eu tenho tanto pra lhe falar!”... É tanto trem na minha cabeça... Pra começar eu queria provar só uma lambisquinha duma lagosta, e um golinho dum vinho afrescalhado. Pode ser? Me disseram que sou eu que pago esses rega-bofes do STF... Então... Acho justo provar uma lambisquinha.


Cármen Lúcia: Coitado. Senhor Presidente Luiz Fux? O senhor poderia expulsar esse infeliz daqui? Chamar o meu vinho Merlot de afrescalhado é inconstitucional! Sai daqui, minhoca!


Trupico: Eu também queria tirar esta pulseira aqui da minha canela, igual os senhores fizeram com o Lula. Eu roubei uns dois ou três carros, e fiquei com a ficha suja na Polícia. E o Lula roubou muito mais. Ele já tá limpinho e cheirosinho diante da Justiça. Eu também quero!


Roberto Barroso: Psiu! Garçom! Me vê um Cabernet Sauvignon, safra 2012, envelhecido em madeira de jabuticabeira, geladinho, e duas lagostas vivas. Agora!


Trupico: Urgh... A gente pode vomitar aqui no canto, Luiz Fuco?


Luiz Fux: É Fux! 


Gilmar Mendes: Retirem esse homem vil e desprezível daqui!!! Sai encosto!!! Isto aqui é o STF, o centro de comando jurídico que dita as ordens para o povo brasileiro!!! A coisa aqui é séria!!! Sai!!! Nós somos o cérebro do Brasil!!!


Ricardo Lewandowski: Calma, Gilmar. 


Gilmar Mendes: Como ousa, nobre ministro??? O senhor está me dando uma ordem??? Que ditadura é essa??? Eu abro a boca e sou censurado??? Hein???


Dias Toffoli: Ele não deu ordem, caro ministro Mendes. Ele sugeriu calma. Apenas isso. Calma.


Luiz Fux: Trupico, o senhor está tumultuando a casa. Está vendo como os ânimos estão ficando alterados?


Edson Fachin: Eu voto pela expulsão dele.


Nunes Marques: Trupico, o que mais o senhor quer? Como podemos ajudar?


Trupico: Meu vizinho me falou que é aqui que a gente se ajoelha pra conversar com Deus. Que o STF é mais importante do que Deus, do que a minha igrejinha. Então eu vim fazer minhas orações. Porque lá na igreja não entra nem peido. Tá tudo fechado por ordem dos senhores. Os senhores aceitam propina pra abrir minha igreja? Lagosta eu não tenho, mas posso trazer um saco duns dois quilos de camarão afrescalhado... digo, fresquinho.


Alexandre de Moraes: Presidente Luiz Fux? Isso aqui ultrapassa os limites do estado democrático de direito. Isso é deboche. Quer que eu acione a segurança pra levar esse pangaré?


Luiz Fux: Senhor Trupico, eu lhe imploro: vá embora. Por favor. Não podemos lhe ajudar.


Trupico: Entendi. Tá certo então. Mas, peraí. Antes de sair, lembrei que eu tenho um recadinho cá no bolso. É do meu primo Tonico que tá preso lá em Maceió, para o ministro Marco Aurélio. Ele diz assim: “Ministro Marco Aurélio, eu acho o senhor muito engraçado. O senhor fala parecendo que tem um ovo quente dentro da boca, fazendo pose de rei afrescalhado. Mas, eu gosto do senhor. Fiquei sabendo que o senhor libertou um grande traficante. Eu mexi com essas porcarias, e trafiquei uns dois quilos de cocaína. Acabei preso. Mas nem se compara com o que o traficante grandão fez. O senhor poderia me libertar, por gentileza? Muito agradecido. P. S.: minha mãe cria lagosta, se é que o senhor me entende.”


Marco Aurélio: Seguranças!!!


Trupico: E eu vou dizer mais, antes de ir embora. Se um traficante pode ser solto, por que os senhores não libertam o meu Jesus, pra abençoar esta baderna que virou o Brasil? Hein?


quarta-feira, 7 de abril de 2021

Wagner Oliveira lança o seu bombástico livro "Minha batalha contra a Uber"

 





Livro bombástico apresenta para a sociedade os crimes da Uber, uma empresa mercenária, destruidora de mercados, escravizadora, que acumula crimes, polêmicas e processos judiciais em vários países.

O autor é Wagner Oliveira, empresário e escritor.

Este livro vai transformar a sua maneira de compreender o imenso transtorno causado pela Uber no mercado de transporte de passageiros.

As informações muito bem fundamentadas são fruto da experiência, da vivência no exterior, de diálogos com especialistas, e de uma vasta pesquisa em órgãos de imprensa.

Divulgue! Compartilhe! Adquira o seu exemplar!

Acesse o canal do autor no YouTube pesquisando pelo seu nome: Wagner Oliveira.

O seu contato no WhatsApp é o: (31) 99893-2919.

Recentemente, o jornalista Zé Aparecido entrevistou o autor no seu canal "Conexão BH". Assista aqui:


Hálito de vida

Hálito de vida



Luiz Andrada

06 abr. 2021

luizandradabh@gmail.com





Vazia

A terra era um nada

Abismo escuro

Eu lhe desejei tanto

Sonhei tanto

Do nada eu criei tudo

Lancei sementes de luz

O abismo se desfez

Tomei em minhas mãos

O ser informe

Do meu peito soprei

Um hálito de vida

Você viveu

Mas um lamento

Abateu o seu mundo

Que eu tanto amo

Do alto de minha cruz

Horrorizado

Encontrei o caos na humanidade

O terror de um minúsculo vírus

Invisível

Quase indestrutível

Clamei ao meu Pai

Pedi fôlego

Chorei por essa tragédia

Eu também morri sem ar

Meu corpo desabou na cruz

Esmagou meus pulmões

Eu me afoguei na dor

Pai

Um toque da vossa graça

Pelo Brasil

Pelo mundo

O sopro

O hálito de vida

Para os meus filhos reviverem

Misericórdia, Pai!


terça-feira, 6 de abril de 2021

Morador de rua é mais livre do que você

Morador de rua é mais livre do que você


Luiz Andrada

06 abr. 2021

luizandradabh@gmail.com





Estimado Ditador Alexandre Kalil, o Pequeno,


Venho por meio desta propor uma ação de equanimidade no trato da coisa pública nesta cidade de Belo Horizonte. Porque a coisa desandou, prefeito. A sopa esfriou. O caldo entornou.


Como pratico esporte por aí, pedalo, caminho, sempre testemunho cenas surreais. A seletividade da guarda municipal é uma das tais cenas. 


Um esportista é tratado no grito e logo preso pela truculenta guarda municipal por não utilizar a máscara. Tudo bem. É um risco que ele assume. Se não pode sair sem máscara, não pode. Mas, enfiar na viatura como se fosse criminoso?


Mudamos o cenário. Agora estou numa área nobre de Belo Horizonte, de gente riquíssima. Ao meu lado circulam Mercedes-Benz, BMW, Porsche. O espaço recebe muitos esportistas, vários não usam a máscara. Por nós transitam viaturas e motos da guarda municipal. Nenhum esportista rebelde foi preso. Os guardas municipais simplesmente ignoraram.


Curioso, não? Será medo de abordar a pessoa errada, desembargador, juiz, promotor, grandes empresários, políticos? Por que, afinal, a truculência da guarda municipal arrefece e brocha diante da elite?


Outro cenário. A Praça Sete, no Centro da capital mineira, acolhe muitos moradores de rua. Quase todos eles não usam máscara. E eu nunca vi um único guarda municipal enfiar um morador de rua na viatura porque não está usando a proteção.


Morador de rua é mais livre, e menos perturbado pelos agentes públicos enfurecidos, do que o restante da sociedade. Ou morador de rua não se contamina e nem transmite o coronavírus?


Você diria, prefeito, que obviamente os mendigos não usam porque não têm como comprar as máscaras. Mas, é justamente para isto que você existe: para socorrer quem perdeu tudo, e agora precisa da mão amiga da Prefeitura. Se você, Kalil, tem milhões de reais para alugar essas grades brutais que transformaram esta cidade numa cadeia, você pode comprar máscaras descartáveis para essas pessoas tão carentes. Há bons modelos e bem baratos.


Eu descobri que a coisa funciona assim: a Prefeitura deixa o cidadão em paz se ele estiver no extremo da riqueza, ou no extremo da pobreza.


A igualdade de Alexandre Kalil e de sua guarda municipal é cega para alguns, e violenta para outros. O nome disso é injustiça. Ou ditadura.


sábado, 3 de abril de 2021

A imprensa no meu celular

A imprensa no meu celular


Luiz Andrada

03 abr. 2021

luizandradabh@gmail.com






Eu chamarei de Manuela a nossa personagem, que representa a todos nós. Um dia, ela decide vasculhar os sites de diversos jornais a fim de descobrir conteúdos e tendências daquilo que nós é oferecido sob o título de imprensa.


Ela descobre que o assunto dominante é a pandemia do coronavírus, que evidentemente merece toda a nossa atenção. Mas, o detalhe intrigante é a cor sempre negativa e destrutiva das notícias. O ruim, o mal, a desgraça conquistam muito mais audiência. A intenção perversa dos jornalistas é convencer a sociedade de que não há esperança, vitória, superação. Manuela vomitou.


Em um dos jornais Manuela leu sobre um ser humano (ou animal selvagem?) que agrediu e quebrou o fêmur de um idoso, porque este havia solicitado gentilmente que o agressor usasse máscara no seu estabelecimento comercial. Fratura de fêmur em idoso pode causar a morte. Que povo é esse? Ela sentiu medo.


Depois vieram notícias sobre política, exaltando um saudosismo cretino dos tempos em que o brasileiro era realmente feliz, na era Lula, PT, Dilma, criminosos propineiros, muitos dos quais na cadeia. Hoje o Brasil é infeliz. Ontem era feliz. Que saudade do PT.


Embora ela aprecie muito o futebol, Manuela se deu conta da alienação fanática do nosso povo por esse esporte, dominado por jogadores adultos no corpo e menores de idade no cérebro, imaturos, drogados, bêbados, estupradores, assassinos, enfim, gente da pior espécie. Brasileiro coloca no altar todos esses jogadores, técnicos, clubes, etc. É imenso o espaço para o futebol nos sites dos jornais. Manuela se irritou pra valer.


Manuela encontrou em seguida as notícias mais relevantes da galáxia: a vida fútil e babaca do que se convencionou chamar de “celebridades”, normalmente prostitutas que se transformaram em influenciadoras digitais (o que é isso?!), dançarinas de palco e garotões de academia. Um espetáculo de carência afetiva, narcisismo exacerbado, cérebros de amebas. São esses que formam as opiniões dos brasileiros. Cada povo tem o influenciador digital que merece.


Depois um pouco de humanização de cães e de gatos, transformados em bens afetivos mais valiosos do que os próprios humanos. Essa coisa dos pets está levantando uma grana alta. Ela assistiu um trecho de vídeo mostrando uma mulher que tratava o seu cão como se fosse um marido. Manuela achou aquilo bem estranho. Enfim.


Aqui e ali pinceladas de teatro social, para fingir que o jornal se preocupa com os mais pobres. Gente pra todo lado pedindo dinheiro, e poucas empresas de mídia prestando contas detalhadas sobre cada centavo do dinheiro recebido. Conglomerados de mídia não precisam pedir dinheiro a ninguém, pois são grupos riquíssimos. Essas empresas podem ajudar muitas pessoas, sem precisar fazer campanha para pedir dinheiro ao sofrido povo deste país.


Finalmente, Manuela percebeu que toda essa estrutura canalha, mentirosa, manipuladora é sustentada pelos anunciantes que pagam pelos espaços nesses sites: cartão de crédito, refrigerante, carro, sal de fruta, etc. Ela sentiu vontade de boicotar todos esses produtos e empresas.


Manuela decidiu descansar a mente, após essa trágica aventura pelo universo jornalístico à disposição no seu celular. Seu estômago parecia ferver. A visão estava turva. O ânimo era o de uma minhoca esmagada. A autoestima em frangalhos. Manuela simplesmente desligou o celular, e orou.


Thomas Jefferson against Calvinism