Evangélicos no Brasil: uma religião norte-americana
Luiz Andrada
22 nov. 2020
Protestantes e evangélicos no
Brasil formam um grupo religioso de matriz norte-americana. Mesmo as igrejas
históricas nascidas na Europa, como a luterana, a anglicana e a metodista,
sofreram rupturas e migrações aos EUA, e de lá vieram em missões ao Brasil. Um
exemplo é a IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil), uma igreja luterana
vinculada ao Sínodo do Missouri, nos EUA.
O segmento religioso que mais
cresce no Brasil merece um olhar atento sobre as suas ideologias, práticas,
costumes. Desde quando os norte-americanos assumiram para si o papel de
redentores do mundo, de novo Israel de Deus, suas táticas de disseminação e
imposição da sua cultura abrangem da música à tecnologia, da moda à religião, entre
outras diversas áreas.
Igrejas pentecostais, como a
Assembleia de Deus (o maior grupo evangélico no Brasil). Igrejas
neopentecostais, que disseminam a teologia da prosperidade. Batistas,
presbiterianos, metodistas, anglicanos, luteranos. Igrejas e comunidades
carismáticas. Seitas como adventistas, mórmons, testemunhas de Jeová, judeus
messiânicos (por exemplo, Jews for Jesus).
E mais uma infinidade de grupos e de tendências teológicas. Todas essas
instituições nasceram nos EUA, ou nasceram na Europa e depois foram para os
EUA. Todas as igrejas protestantes e evangélicas brasileiras são filhas de
grupos norte-americanos. É um projeto de expansão religiosa fenomenal e
extremamente eficiente. É uma espécie de cruzada protestante, visando conquistar
o continente latino-americano. Até agora o projeto tem sido muito bem-sucedido.
Os cultos são no estilo
norte-americano. As convenções das denominações estão repletas de missionários
norte-americanos. Muitos pastores brasileiros estudaram teologia em
universidades norte-americanas. As músicas, hinos e grupos de louvor traduzem e
imitam músicas, hinos e grupos de louvor norte-americanos. As livrarias
evangélicas estão repletas de livros escritos por norte-americanos. Os teólogos
mais respeitados no Brasil são norte-americanos. Ou seja, a religião evangélica
brasileira é norte-americana, made in USA.
Os institutos de pesquisa afirmam
que até 2030 o Brasil será de maioria evangélica pentecostal, e deixará de ser
de maioria católica. Algo que a mim preocupa bastante, pois o meio pentecostal
é muito doentio, fanático e rígido. Os políticos, psicopatas e oportunistas, de
todos os espectros ideológicos, já perceberam isso, e sempre acodem aos cultos
evangélicos para prometerem mundos e fundos, e para pedirem votos.
Esse fenômeno merece um olhar
atento, sim. A teologia fundamentalista do sul dos EUA, especialmente forte na
igreja batista, migrou para o Brasil, e aqui ensina o mesmo racismo de viés
falsamente bíblico que é ensinado por lá (a teoria de que os negros seriam
descendentes de Cam, o filho amaldiçoado de Noé). Isso para citar apenas um
exemplo. Há um arcabouço das mais violentas maluquices sendo importadas para o
Brasil, e muitas dessas religiões são literalmente insanas e enlouquecedoras. O
poder público precisa vigiar. O brasileiro precisa aprender a observar e a
criticar, para não se submeter a discursos de impostores que prometem, por
exemplo, riquezas, emprego, casa, carro, se o cidadão aderir à igreja e
entregar fielmente dízimos e ofertas. Deus não faz esse tipo de barganha.