sábado, 23 de outubro de 2021

Temos vaga para jornalista

Temos vaga para jornalista


Luiz Andrada

23 out. 2021

luizandradabh@gmail.com





Aptidões exigidas


O jornalista deverá demonstrar uma habilidade excepcional para manipular a opinião alheia, e para arrastar os cérebros dos cidadãos atrás de sua sombra magnificente. Todo jornalista é o dono da verdade, ainda que a verdade seja uma mentira. Mas é o dono. É preciso impor conceitos, com voz de autoridade, com toques de doçura, com afetação soberba, com sorrisinhos inteligentes, e até com certa agressividade verbal. De vez em quando é bom ralhar, pois isso impacta e choca as pessoas. “Que jornalista corajosíssimo! Uau!”. Essa mescla de características mantém as pessoas de quatro diante do jornalista. É preciso arrancar do telespectador o elogio: “Aquele é o jornalista mais preparado e inteligente que eu conheço!”. Porque a inteligência atrai burros. E isso é ótimo. Será um diferencial a capacidade de emocionar os cidadãos fazendo papel de jornalista filantropo, pró-social, defensor da esquerda, defensor dos policiais, defensor dos mais pobres, defensor da direita, crítico de todos os políticos, etc. O melhor candidato será aquele que consegue criar uma imagem de isento e imparcial, mas mantendo-se sempre comprometido e parcial. É um jogo discursivo complexo, mas precisa ser dominado com maestria. Há diversos papéis no circo do jornalismo, e o candidato deverá analisar quais desses lhe cabem melhor: o palhaço, o cachorro bravo, o justiceiro, o guerreiro, o cospe fogo, o intelectual, o sabichão, a charmosa. Também é preciso mentir, mas como quem diz a verdade. A mentira é o substrato essencial do jornalismo. Sem a mentira o jornalismo se desfaz. É preciso frisar a necessidade absoluta de que o candidato trabalhe movido pelo sensacionalismo torpe e vil. Para fidelizar telespectadores é crucial berrar e urrar quando o sangue estiver ainda quente no asfalto, após aquele latrocínio. Pânico! Terror! “Olha o sangue, gente!!! Olha o sangue, gente!!! Olha o sangue, gente!!!”. É preciso repetir dez vezes até estourar os neurônios do telespectador, e fazer a população sugestionável e manipulável vomitar de tanta ansiedade. Esse é o jornalismo do esgoto que domina grande parcela da imprensa brasileira. Por fim, é preciso ser canalha, cretino, imoral, corrupto, desonesto, porque após o jornalismo muitos encontram abrigo na política. Na verdade, o jornalismo é o palanque que esses profissionais utilizam para suas ambições políticas. Desejamos aos candidatos boa sorte no processo seletivo!


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